quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

28 millimetres - Le projet WOMEN

Desde que conheço as suas fotografias e, antes mesmo, de saber que eram dele, tenho vindo a mostrar no blog algum do trabalho do JR.
Mas mais do que as fotografias, gosto é da ideia que ele tem ao expô-las nas ruas, em qualquer parte do mundo e, o que ele tenta alcançar com isso.
Como tal, foi um erro da minha parte nunca ter posto uma explicação de nenhum dos seus projectos. Achei que os interessados fossem ver o site. Mas como nem todos o fazem e acho mesmo importante a divulgação de projectos como este, aqui vai...

Le projet WOMEN a pour objectif de souligner leur rôle central et de mettre en valeur leur dignité en photographiant leur portrait à l'aide d'un objectif 28 millimètres, puis en collant ces portraits sur les murs de leur pays.


Par ailleurs, en exposant ces images dans les grandes villes occidentales comme à Bruxelles en mars 2008 ou bientôt à Londres puis Paris en 2009, le projet sensibilise les populations européennes sur la condition de ces femmes et favorise la connexion, à travers l'art, de deux mondes trop éloignés.
Le Kenya, le Soudan, le Sierra-Leone, le Liberia - Les violences subies par les femmes lors des conflits armés africains sont l'expression la plus extrême des discriminations dont elles sont victimes en temps de paix. Les guerres ethniques en Afrique sont la source des pires crimes commis a l'encontre des femmes. En rencontrant ces femmes, JR veut témoigner de leur force, de leur courage et de leur combat : vivre tout d'abord, pour exister ensuite.
Au Brésil, le contexte si particulier des favellas de Rio de Janeiro a favorisé la rencontre de femmes pour lesquelles le crime, la perte violente d'un proche, d'un fils et la répression arbitraire font partie du quotidien.
En 2008/2009, JR prévoit de se rendre en Inde, au Cambodge, au Laos, au Marcs, puis de revenir au Kenya.
A la limite de l'art contemporain – A l'instar du projet Face 2 Face, le but est d'atteindre les limites de l'art au sein d'un environnement social et culturel clos et d'observer la réaction des populations locales. L'enjeu ici est d'évaluer les possibilités d'intervention dans des environnements très divers. Le succès d'une telle action serait de pouvoir offrir à nouveau à ces femmes un statut digne de la position qu'elles occupent dans leur société. La preuve par l'action est privilégiée.
En Europe et dans les pays occidentaux, les expositions très grand format auront pour but de rappeler cet esprit d'aventure artistique.
in http://www.jr-art.net

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

There was a survey once. A thousand people were asked if they could know in advance… would they want to know the exact day of their death. Ninety-six percent of them said no. I always kind of leaned toward the other 4 percent. I thought it would be liberating… knowing how much time you had left to work with. It turns out, it’s not.
The Bucket List, de Rob Reiner

terça-feira, 27 de janeiro de 2009



JR
Kiberia, Kenia

in http://www.jr-art.net/

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

- Are you afraid?
- I'm curious to know what comes next...

(...)

- We're meant to lose the people we love. How else are we supposed to know how important they are?


The Curious Case of Benjamin Button, de David Fincher

domingo, 25 de janeiro de 2009


Bairro Alto, Lisboa
14 Janeiro 2009

sábado, 24 de janeiro de 2009

Penso diariamente na morte. Dependendo da altura, até tenho bastantes pesadelos. Isto acontece-me desde que soube que o coração parava de bater.
Comecei por adormecer a imaginar quem iria morrer primeiro. Imaginava-me à seca, presa num caixão, para toda a eternidade. Tinha contínuos pesadelos com a Preciosa e com a Emília. Geralmente era no aeroporto ou na estação de comboios. Iam-se embora e nunca mais as via. Chorava, quase que sufocava e acordava a chorar. Acho que sonhava com elas porque as sentia como família mas não eram. Não me deviam nada e a qualquer momento podiam partir. E eram importantes demais para eu não sofrer.

Não sei quando deixei de sonhar com isso.

Mas sonhava que quando alguém de quem gostasse muito muito morresse, eu não iria aguentar. Lembro-me que, quando via filmes ou telenovelas e havia um funeral, não percebia como a mulher ou o filho iam tão arranjados para o funeral. Achava que não iria ter força suficiente para isso. Nunca mais iria querer viver.

No dia em que o avô morreu, eu acho que me vesti. Mas sei que chorei até não aguentar mais. Sei que sofri até não ter forças. Mas quis viver. Pode parecer frieza, mas não penso muito no assunto. Não penso no avô como se não existisse. Tento não pensar na morte dele.
Mas às vezes sonho que ele está vivo. Aqui, ao pé de mim. Pergunto-me se ele tem orgulho em mim. Mas prefiro não pensar no assunto.

Com a Emília foi desesperante. Não estava à espera. Soube da mesma forma. Acordei com os berros.
Durante semanas não consegui dormir. Mas durante o dia nunca pensei no assunto. Ria-me às gargalhadas, porque era feliz.

Há pouco tempo voltei a ter pesadelos, como quando era pequenina.
Foi em Milão. Acordei e chorei desalmadamente porque a avó e a Preciosa morriam. Senti-me tão indefesa como antes. Sinto que quando acontecer não vou conseguir viver. Não vou ter forças para mais nada.

Penso constantemente na morte. E também na minha. Não tenho medo de morrer. Tenho medo do que acontecerá a seguir. Não acredito nem no céu nem no inferno. Mas não acredito que não aconteça nada. Imagino-me constantemente à seca, num caixão.

Confesso que quando fui operada estava nervosíssima com a anestesia. Quando me levaram para sala de operações, pensava no que seria a anestesia. Disseram-me que era como dormir, ia adormecer e não me ia lembrar de nada. Comecei a tremer, porque imaginei que era assim morrer.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009


Rua da Rosa, Lisboa
14 Janeiro 2009

domingo, 18 de janeiro de 2009

Imaginemos


Imaginemos que, nos anos trinta, quando os nazis iniciaram a sua caça aos judeus, o povo alemão teria descido à rua, em grandiosas manifestações que iriam ficar na História, para exigir ao seu governo o fim da perseguição e a promulgação de leis que protegessem todas e quaisquer minorias, fossem elas de judeus, de comunistas, de ciganos ou de homossexuais. Imaginemos que, apoiando essa digna e corajosa acção dos homens e mulheres do país de Goethe, os povos da Europa desfilariam pelas avenidas e praças das suas cidades e uniriam as suas vozes ao coro dos protestos levantados em Berlim, em Munique, em Colónia, em Frankfurt. Já sabemos que nada disto sucedeu nem poderia ter sucedido. Por indiferença, apatia, por cumplicidade táctica ou manifesta com Hitler, o povo alemão, salvo qualquer raríssima excepção, não deu um passo, não fez um gesto, não disse uma palavra para salvar aqueles que iriam ser carne de campo de concentração e de forno crematório, e, no resto da Europa, por uma razão ou outra (por exemplo, os fascismos nascentes), uma assumida conivência com os carrascos nazis disciplinaria ou puniria qualquer veleidade de protesto.

Hoje é diferente. Temos liberdade de expressão, liberdade de manifestação e não sei quantas liberdades mais. Podemos sair à rua aos milhares ou aos milhões que a nossa segurança sempre estará assegurada pelas constituições que nos regem, podemos exigir o fim dos sofrimentos de Gaza ou a restituição ao povo palestino da sua soberania e a reparação dos danos morais e materiais sofridos ao longo de sessenta anos, sem piores consequências que os insultos e as provocações da propaganda israelita. As imaginadas manifestações dos anos trinta seriam reprimidas com violência, em algum caso com ferocidade, as nossas, quando muito, contarão com a indulgência dos meios de comunicação social e logo entrarão em acção os mecanismos do olvido. O nazismo alemão não daria um passo atrás e tudo seria igual ao que veio a ser e a História registou. Por sua vez, o exército israelita, esse que o filósofo Yeshayahu Leibowitz, em 1982, acusou de ter uma mentalidade “judeonazi”, segue fielmente, cumprindo ordens dos seus sucessivos governos e comandos, as doutrinas genocidas daqueles que torturaram, gasearam e queimaram os seus antepassados. Pode mesmo dizer-se que em alguns aspectos os discípulos ultrapassaram os mestres. Quanto a nós, continuaremos a manifestar-nos.

José Saramago
in http://caderno.josesaramago.org/

A Menina


Bairro Alto, Lisboa
14 Janeiro 2008

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Colour your city


Rua do Norte, Lisboa
14 Janeiro 2008

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Emprego sem direitos..


Dalaiama
Lisboa, Janeiro 2009

fighting terrorism with bigger terrorism?


Blu
in http://www.blublu.org/blog/

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009



Rua Nova da Trindade, Lisboa
14 Janeiro 2009

domingo, 11 de janeiro de 2009


Lisboa,
22 Dezembro 2008
Se, contudo, olharmos quem somos através do miradouro de outras áreas culturais, verificaremos que, afinal, somos nós os bárbaros. Um Michel Aflak (1910-1988), o sírio cristão, fundador do partido Baas, considerava os ocidentais colonizadores e fanáticos, enquanto o nacionalismo árabe seria de carácter espiritual, colocando o amor acima de tudo, por trazer uma mensagem eterna, universal e humanista destinada a mudar a civilização, que teria entrado em decadência. Um Mahatma Gandhi (1869-1948) assumia-se também contra a civilização ocidental contemporânea, porque nesta dominariam o corpo e a sensualidade e porque o Estado representaria a violência de forma concentrada, usando uma linguagem de comando e de uniformidade. Assim, propunha um modelo de Estado não violento, assente em pequenas comunidades rurais, auto geridas e auto-suficientes. O poeta e filósofo indiano Rabindranath Tagore (1861-1941), Prémio Nobel da literatura em 1913, criticava, por seu lado, a ideia ocidental de política, considerando-a demoníaca, porque a adoração do demónio da política sacrifica todos os outros países como vítimas. Nutre-se e engorda com a sua carne morta, enquanto as carcaças estão frescas. Refere que a nação é o aspecto de um povo como potência organizada e, assim, o homem desembaraça-se do apelo da consciência quando pode transferir a responsabilidade para essa máquina que é a criação da sua inteligência e não da sua completa personalidade moral. Por este meio, povos que amam a liberdade perpetuam a escravatura com o orgulho confortável de terem cumprido o seu dever. Porque a Nação é o interesse egoísta e organizado de um povo no que ele tem de menos humano e espiritual. Desta forma, o espírito de conflito e de conquista está na origem e no centro do nacionalismo ocidental, sendo a nação um aparelho de tirania e voracidade.

Samuel Huntington

in Curso de Relações Internacionais
José Adelino Maltez

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Sem calças cá por Telheiras!


No Pants 2k8 from ImprovEverywhere on Vimeo.

Todos estão convidados para o Sem Calças! '09 Lisboa, que se vai realizar no dia 10 de Janeiro às 15h00.

O No Pants! é uma missão pública que é realizada anualmente em várias cidades do mundo; a primeira decorreu no Metro de Nova Iorque em 2002. Aqui está um vídeo da última: YouTube

Todos podem participar, sem aviso nem inscrição. Basta aparecer, vestido normalmente. Tudo o que é preciso saber está neste post: lê-o com cuidado.

*Isto é uma missão participativa. Não apareças se não tens intenção de tirar as calças.*


DETALHES


Quando: Dia 10 de Janeiro, às 15h00 (em ponto!)
Onde: Jardim de Telheiras, ao lado do metro. (R. Francisco Gentil)
Trazer: Um bilhete/passe de metro.
Não trazer: Câmaras de nenhum tipo, por favor.
Vestir: Roupas normais de Inverno (e calças, claro)
Facebook: Se tens Facebook, podes registar e divulgar este evento.
After Party: Depois da missão haverá uma after party informal. Quem chegar sem calças tem direito a uma bebida!



Necessário:

- Disposição para tirar as calças no Metro.

- Capacidade de manter a compostura enquanto o fazes. (i.e.: Não rir.)

- Em princípio, devem trazer-se cuecas ou boxers opacos por baixo. Nada de fios dentais: não tragas nada que mostre mais que um fato de banho. Viajar sem calças não é proibido, mas incomodar os passageiros com a nudez alheia é.

- Trazer kilts, saias, calções, vestidos e collants não conta.

- Podes trazer roupa interior especial, mas por favor nada que transmita a mensagem "Vesti esta roupa interior porque estou a fazer uma cena bué marada e parva!". O objectivo é os passageiros verem que são pessoas normais, apenas sem calças.

- Se quiseres traz também alguma coisa que costumes usar para passar o tempo no Metro: um livro, um jornal, uns auscultadores, etc.



O No Pants! do ano passado reuniu 900 pessoas em Nova Iorque, e quase 2000 em todo o mundo. A reportagem do evento do ano passado está aqui e recomenda-se: No Pants! '08


in http://improvlisboa.blogspot.com/

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Constructing Coexistence



in http://www.flickr.com/groups/constructingcoexistence/

Fake
Amesterdão, Holanda
Agosto 2008

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Sarkozy, o irresponsável

Nunca apreciei este cavalheiro e creio que a partir de hoje passarei a apreciá-lo ainda menos, se tal é possível. E não deveria ser assim, se, como a internet acaba de me informar, o dito sr. Sarkozy anda em missão de paz pelas torturadas terras da Palestina, esforço louvável que, à primeira vista, só deveria merecer elogios e votos do melhor sucesso. Da minha parte tê-los-ia todos se não tivesse utilizado, uma vez mais, a velha estratégia dos dois pesos e das duas medidas. Num arranco de hipocrisia política simplesmente notável, Sarkozy acusa Hamas de haver cometido acções irresponsáveis e imperdoáveis lançando foguetes sobre o território de Israel. Não serei eu quem absolva Hamas de tais acções, aliás, segundo leio a cada passo, castigadas pela quase total ineficácia da bélica operação que pouco mais tem conseguido que danificar algumas casas e derrubar alguns muros. Nunca as palavras doam na língua ao sr. Sarkozy, há que denunciar a Hamas. Com uma condição, porém. Que as suas justamente repreensivas palavras tivessem sido igualmente aplicadas aos horrendos crimes de guerra que vêm sido cometidos pelo exército e pela aviação israelita, em proporções inimagináveis, contra a população civil da faixa de Gaza. Sobre esta vergonha o sr Sarkozy parece não ter encontrado no seu Larousse as expressões adequadas. Pobre França.

José Saramago

Balanço

Valeu a pena? Valeram a pena estes comentários, estas opiniões, estas críticas? Ficou o mundo melhor que antes? E eu, como fiquei? Isso esperava? Satisfeito com o trabalho? Responder “sim” a todas estas perguntas, ou a mesmo só a alguma delas, seria a demonstração clara de uma cegueira mental sem desculpa. E responder com um “não” sem excepções, que poderia ser? Excesso de modéstia? De resignação? Ou apenas a consciência de que qualquer obra humana não passa de uma pálida sombra da obra antes sonhada. Conta-se que Miguel Ângelo, quando terminou o Moisés que se encontra em Roma, na igreja de San Pietro in Vincoli, deu uma martelada no joelho da estátua e gritou: “Fala!” Não será preciso dizer que Moisés não falou. Moisés nunca fala. Também o que neste lugar se escreveu ao longo dos últimos meses não contém mais palavras nem mais eloquentes que as que puderam ser escritas, precisamente essas a quem o autor gostaria de pedir, apenas murmurando, “Falem, por favor, digam-me o que são, para que serviram, se para algo foi”. Calam, não respondem. Que fazer, então? Interrogar as palavras é o destino de quem escreve. Um artigo? Uma crónica? Um livro? Pois seja, já sabemos que Moisés não responderá.

José Saramago

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

domingo, 4 de janeiro de 2009

Testemunhos de Gaza depois da entrada das tropas israelitas

Não há quase nada em Gaza – sobretudo, “não há para onde fugir”

Falta tudo em Gaza, repetem habitantes da Faixa – ou melhor, repetem os poucos habitantes com quem é possível contactar, a pequena minoria cujos telefones continuam com vida depois de bombardeamentos israelitas terem atingido várias antenas da operadora de comunicações móveis local, a jawal.

“Não há comida, não há gás”, diz por telefone o trabalhador de uma ONG e documentarista Mohammed al-Majdelawi, que vive no campo de refugiados de Jabaliya, na Cidade de Gaza. “O meu pai foi à padaria ontem e esperou cinco horas por um saco de pão que não foi suficiente para alimentar a minha família de 11 pessoas”, conta. “Hoje fui eu tentar correr todas as padarias, mas não encontrei nem uma fatia de pão – as padarias estavam todas fechadas.”

O jornalista Azmi Keshawi, que vive na Cidade de Gaza, conta: “Não há o que comer. Não há electricidade, e não havendo electricidade não há água. Não há gás.”

Falta tudo, e isso já começa a parecer normal depois de mais de uma semana de operações militares israelitas e depois da entrada de tropas terrestres. Azmi acaba por contar que no seu caso – é diabético – já só tem uma dose de insulina. E o que vai fazer? “Vou tentar pensar numa solução, numa alternativa. Este é só mais um exemplo de como as coisas estão por aqui”, comenta.

“Os mísseis caem nas nossas casas, mesquitas, mercados e até hospitais”, diz pelo seu lado Mohammed al-Majdelawi, para dizer de seguida uma das frases mais repetidas por quem vive em Gaza: “Não há um sítio seguro para onde possamos ir.”

“É um pesadelo para quem quer que esteja aqui – não há para onde fugir”, sublinha Azmi Keshawi. “Onde quer que se esteja, pode-se ser alvo. Ainda ontem a minha casa tremeu, todo o prédio tremeu, quando caiu uma bomba perto.”

Depois há ainda o problema do frio e das janelas: “Tenho dois dos meus filhos doentes, com gripe, porque temos de deixar as janelas abertas – senão o vidro pode partir e os estilhaços podem acertar em alguém, para além de que não há vidro no mercado”, conta Azmi.

O telefonema com Azmi Keshawi acaba interrompido porque ele tem de usar a luz do telemóvel para iluminar a cara da filha mais nova, uma bebé, que está a chorar. O telefonema com Mohammed al-Majdelawi acaba quando ele avisa que está a ficar com pouca bateria no telefone. “É difícil tentar explicar todo o nosso sofrimento. Eu pergunto ao mundo: como viveriam sem electricidade, com casas destruídas, mísseis a cair noite e dia, e sem comida. Imaginem as vossas crianças a dizer que não conseguem dormir por causa do barulho dos aviões....”

A falta de electricidade faz com que não haja água, porque para esta ser bombeada para as casas precisa de energia. Faz com que os elevadores não funcionem num sítio onde há muitos prédios altos. A falta de electricidade e ainda de gás faz com que não haja aquecimento numa altura em que está frio mas é preciso deixar as janelas entreabertas. Faz com que não se possa cozinhar – mas ninguém se queixa disto, porque já nem há comida para cozinhar.

Pior, faz com que o principal hospital da zona esteja a depender de “dois geradores de 450 kilowatts”, diz Azmi Keshawi. “Estes geradores estão quase a ficar sem combustível para funcionar. E quando isso acontecer o que vai acontecer às pessoas que estão nos cuidados intensivos, bebés nas incubadores? Esta é uma catástrofe iminente.”

Esta guerra não é contra o Hamas”, repete Azmi Keshawi. “É contra os palestinianos de Gaza. Toda a gente tem medo. É uma situação se precedentes. Já vi muitos confrontos entre israelitas e palestinianos. A cada vez, a onda de violência é maior do que a anterior. Mas esta é a maior de todas, sem comparação. Levaram isto a um nível diferente. Estima-se que de 480 mortos 25 por cento são mulheres e crianças e que dos 3800 feridos 40 por cento são civis. Contra quem é esta guerra?”

Maria João Guimarães
in Público

Amanhecer em Gaza



Ao amanhecer, Israel continuava a lançar mísseis sobre várias cidades do Norte da Faixa de Gaza. As tropas israelitas entraram hoje naquele território, ao nono dia da ofensiva. Foto: Baz Ratner/Reuters

in Público

Lisboa
23 Dezembro 2008

sábado, 3 de janeiro de 2009



Milão, Itália
23 Novembro 2008

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Resoluções

Várias são as razões que me fazem escrever hoje. Talvez seja o resto do espírito natalício ou da entrada num ano novo e os desejos que espero alcançar. Uma das razões que me faz escrever é o último post da minha irmã (http://devaneiosdecabeceira.blogspot.com/). Há outras.

Perguntaram-me se o ano 2008 tinha sido um bom ano. Ouvi muitas resposta de que como tinha sido um mau ano. Respondi que me tinham acontecido coisas más, mas que no geral não tinha sido mau. Não me aconteceu nada de extraordinariamente bom, mas não deixei de ser feliz por isso. Hei-de lembrar-me das minhas viagens. De algumas festas. De momentos. Não me hei-de lembrar de nenhuma mudança na minha vida em 2008. Nem de ter alcançado algo de grande.

Continuo sem saber o que quero ao certo. Ou vou querendo muitas coisas. Mas isso é o que me dá vontade de viver. No dia em que chegar a dia 31 de Dezembro e perceber que não me falta nada, deixo de fazer sentido.
Até lá alegro-me pelo que tenho e sonho com o que quero ter e ser.

Sonhei em sair de Portugal. Não vou fazer a faculdade lá fora. Mas vou fazer erasmus, o que a curto prazo já é bom. Sempre quis sair e foi algo que realizei.
Hoje penso que não será a melhor altura. Acho que não é receio de não gostar, porque sei que vou adorar. Tal como adorei da outra vez. Mas confesso que não me apetece largar a minha família.
Não somos 100% felizes. Temos problemas. E provavelmente nem se quer somos uma família muito normal.
Mas sei que o conceito de família se alarga em nós. Sei que somos um clã, apesar de tudo. E não queria ausentar-me porque talvez só tenha percebido a nossa diferença agora.


Apercebi-me também que não são só os desejos que são o motor da nossa vida. Acho que nunca tinha pensado porque era feliz a não ser este ano que passou. É a minha família, são os meus amigos. É depois de alguns momentos de desorientação, perceber melhor o meu rumo, quem sou, saber lidar com o que me faz sofrer. Mas não é só isso. Percebi outro lado, porque comecei a dar mais atenção ao que me rodeia directamente. Não é preciso ter só sorte com o que se tem. É preciso saber apreciar-se cada bocadinho da vida.

Ao contrário da Sara, ainda não encontrei o meu príncipe. E, embora muitos possam ficar espantados, sou uma romântica e como tal é um dos meus objectivos. Não precisa de ser em 2009 e não sei se será.

O que ainda me perturba é o medo de me adaptar a um futuro com que não tenha sonhado, de parar de lutar.

Mas acho que ser feliz é exactamente saber ultrapassar os maus momentos da vida e conseguir adorá-la assim mesmo.
Esse, creio que foi o meu maior achado de 2008. Mas ter-me apercebido que muitos não sabem ser felizes, quando têm tudo para isso, tornou-se... algo que nem sei explicar. Talvez uma frustração por não conseguir mostrar que a felicidade é tão óbvia. Mas não sei como explicá-lo, portanto o meu maior desejo para os outros, é que descubram essa felicidade.

E pessoalmente quero tentar ser sempre melhor mesmo que nada de grande aconteça e que não alcance nenhum dos doze desejos das minhas passas.

Rubin kills commerce


Mitte, Berlim
Agosto 2008