sábado, 12 de julho de 2008

Passou por nós um casal. Percebi no semblante do meu amigo que ele conhecia aquelas pessoas, e fiz-lhe a pergunta, a que respondeu: "Sim, conheço-os muito bem. Principalmente a ela, que é a minha falecida mulher."
"Que diz? A sua falecida mulher?" "Sim, a mulher que morreu nos meus primeiros amores. è uma história muito engraçada. Estou a morrer, dizia-me ela; e no mesmo instante, como era justo, falecia; se assim não fosse teria chegado a ficar viúvo. Mas já era tarde para a hora do casamento; ela estava morta, e morta ficou. Eu é que vou errando, como diz o poeta, ando a procurar em vão o túmulo da minha amada, não o encontro no cemitério, não sei onde verter uma lágrima".

Sören Kierkegaard, O Banquete

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