quinta-feira, 30 de julho de 2009

Voltar.

Não parece real. Não sei se é a volta, se os últimos meses. Não encaixam juntos.
Na Piazza Partigiani, as 8h30 da manhã, não sentia nada. Tinha dormido uma hora, não tinha bebido café. Parecia que tinha tomado um litro de café (quem me conhece entenderá o meu estado de excitação, de hiperactividade). Ria, não atingia o estado dos outros. Até me abraçarem. Até chorarem com a minha partida e a da Andreia do Porto. Até me agradeceram a amizade, o tempo que passámos juntos. A esses não consegui falar. Aos óbvios abracei-me e chorei também. Aos que não eram óbvios fui mais forte. Abracei, chorei e disse o quão bom e importante tinha sido conhecê-los.

No aeroporto perdi a noção. Despedi-me da Andreia a sentir que íamos de férias.
No avião às vezes arrepiava-me, tentava perceber o que se passava. Não encontrava a resposta.
Esperei pelas malas. Saí e vi a nossa Andreia com o João. Foi um misto de alegria com a tomada da realidade. Quis correr para ela e de repente deparei-me com toda a família. E não sei..

Toda a gente conhece a avó, a Preciosa, de tanto que eu falo... acho que não as abracei. Parece que não tinha saudades. Parece que tive longe dois dias. Aqui tudo está igual.

Não consigo encaixar Perugia aqui neste mundo. Há algo que não bate certo. Parece que não aconteceu. Prefiro não contar. Não se fala sobre seis meses da nossa vida do nada. Fala-se com quem pertenceu, com quem sabe do que falamos.

É-me difícil lidar com as pessoas. Encontro uma amiga na rua, que logo me pergunta novidades, como foi. Quando sabe que vou ter com pessoas de Perugia não percebe. Tanto tempo fora e logo quando chego vou ter com eles.
Prefiro não encontrar ninguém. Ou encontrar aqueles que não fazem perguntas. Aqueles que me abraçam e me deixam chorar. Mas é difícil que eu deixe alguém chegar-se.

O Bairro Alto estava vazio. Só turistas. Mas ainda falei italiano com um vendedor de pulseiras. O Bairro Alto era um sítio novo, onde eu, a Joana e a Andreia fomos de viagem. Senti-me quase em Perugia, embora soubesse que não ia voltar.

Às vezes estou num ponto de excitação, canto e danço. Outras sei que não vou voltar, é compulsivo. Perugia não se encaixa. Estou perdida. Parece que nunca saí daqui. Ainda não sei o que pensar, não sei como agir, como reagir.
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Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me dio dos luceros que cuando los abro
Perfecto distingo lo negro del blanco
Y en el alto cielo su fondo estrellado
Y en las multitudes el hombre que yo amo

Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me ha dado el oído que en todo su ancho
Graba noche y día grillos y canarios
Martirios, turbinas, ladridos, chubascos
Y la voz tan tierna de mi bien amado

Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me ha dado el sonido y el abecedario
Con él, las palabras que pienso y declaro
Madre, amigo, hermano
Y luz alumbrando la ruta del alma del que estoy amando

Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me ha dado la marcha de mis pies cansados
Con ellos anduve ciudades y charcos
Playas y desiertos, montañas y llanos
Y la casa tuya, tu calle y tu patio

Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me dio el corazón que agita su marco
Cuando miro el fruto del cerebro humano
Cuando miro el bueno tan lejos del malo
Cuando miro el fondo de tus ojos claros

Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me ha dado la risa y me ha dado el llanto
Así yo distingo dicha de quebranto
Los dos materiales que forman mi canto
Y el canto de ustedes que es el mismo canto
Y el canto de todos que es mi propio canto

Gracias a la vida, gracias a la vida

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Texto republicados

Raramente sinto o sentimento de tristeza. Tenho muitos sentimentos maus, menos felizes, de dúvidas. Mas o sentimento de tristeza é raro. Quando vem, vem cá com uma força, que me deixa sem ar.

Parece que tou em stand-by. Vejo tudo a afundar-se mas não consigo aproveitar os últimos momentos. Queria passar por tudo de uma vez.

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Eh!) É o fim de um ciclo.. um fim um bocadinho longo de mais. A angústia vem desde o início de Julho, talvez antes. Querer parar de viajar, querer aproveitar cada bocadinho de Perugia. E Julho foi um dos momentos altos, mais intensos. Conhecer imensa gente, aprofundar amizades, voltar a outras. E ter a nossa rotina de sempre.
Mas o fim é longo de mais. Ter que dizer adeus desde o início. Primeiro àqueles que achávamos que não iam fazer falta, aqueles que sabíamos que faziam mas que não eram assim tão importantes. Mas aquele momentos finais da despedida, ver as expressões... Mesmo assim, no geral, continuava tudo o mesmo. A falta de tempo para vir a casa, falta de tempo para escrever no blog, mandar postais. O Umbria Jazz, as festas, a fontana... passar o dia no Facebook, a cantar, a dançar, os objectivos a cumprir.. mas sempre intenso, nunca sozinha.
Chega o momento em que o lugar em que passo o dia fica vazio, quem me acompanha vai embora. E vem o medo que nunca senti tão intensamente, o de estar sozinha. De não ter com que chorar.
À noite, muitos continuam cá, mas o ambiente já não é o mesmo...
Tenho tempo a mais, para dormir, para ler, para pensar. Tempo só para mim. Mas já não estou habituada a isso. Não me quero habituar a isso aqui.
Não tenho vontade de voltar, mas já nada é o mesmo... e antes ter alguém com quem cantar do que fazê-lo sozinha :) ...
Definitivamente, vim para Perugia para aprender a gostar de animais.. o Marley foi de quem mais gostei!

domingo, 26 de julho de 2009

Addio






Lago Trasimeno

sábado, 25 de julho de 2009

para a avó

Das últimas coisas que vi em Perugia foi a Facoltà di Agraria e lembrei-me de ti, avó. Aqui vão umas fotos!


Muere lentamente

Muere lentamente quien se transforma en esclavo del hábito, repitiendo todos los días los mismos trayectos, quien no cambia de marca, no arriesga vestir un color nuevo y no le habla a quien no conoce.

Muere lentamente quien evita una pasión, quien prefiere el negro sobre blanco y los puntos sobre las "íes" a un remolino de emociones, justamente las que rescatan el brillo de los ojos, sonrisas de los bostezos, corazones a los tropiezos y sentimientos.

Muere lentamente quien no voltea la mesa cuando está infeliz en el trabajo, quien no arriesga lo cierto por lo incierto para ir detrás de un sueño, quien no se permite por lo menos una vez en la vida, huir de los consejos sensatos.

Muere lentamente quien no viaja, quien no lee, quien no oye música, quien no encuentra gracia en sí mismo.

Muere lentamente quien destruye su amor propio, quien no se deja ayudar.

Muere lentamente, quien pasa los días quejándose de su mala suerte o de la lluvia incesante.

Muere lentamente, quien abandona un proyecto antes de iniciarlo, no preguntando de un asunto que desconoce o no respondiendo cuando le indagan sobre algo que sabe.

Evitemos la muerte en suaves cuotas, recordando siempre que estar vivo exige un esfuerzo mucho mayor que el simple hecho de respirar.

Solamente la ardiente paciencia hará que conquistemos una espléndida felicidad.

Pablo Neruda

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Cheirinho a UmbriaJazz.. não quer dizer que tenha sido o melhor festival que alguma vez. Posso mesmo dizer que de tanto que ouvi bem dizer, me decepcionou um pouco. Os concertos grátis na Piazza eram sempre os mesmos e só dois deles (que não se repetiram) é que acabei por gostar.
Também se dizia que Perugia ficava um mar de gente. Tirando os fins-de-semana, o mar de gente era igual ao dos outros fins-de-semana de bom tempo.
Mas sim, tínhamos mais música, a toda a hora. Uma atmosfera diferente. Um motivo (se é que precisávamos) para estar sempre em festa.

Cheirinho a Umbria Jazz

domingo, 19 de julho de 2009

Que atire a primeira pedra quem nunca teve nódoas de emigração a manchar-lhe a árvore genealógica… Tal como na fábula do lobo mau que acusava o inocente cordeirinho de lhe turvar a água do regato onde ambos bebiam, se tu não emigraste, emigrou o teu pai, e se o teu pai não precisou de mudar de sítio foi porque o teu avô, antes dele, não teve outro remédio que ir, de vida às costas, à procura do pão que a sua terra lhe negava. Muitos portugueses morreram afogados no rio Bidassoa quando, noite escura, tentavam alcançar a nado a margem de lá, onde se dizia que o paraíso de França começava. Centenas de milhares de portugueses tiveram de submeter-se, na chamada culta e civilizada Europa de além-Pirinéus, a condições de trabalho infames e a salários indignos. Os que conseguiram suportar as violências de sempre e as novas privações, os sobreviventes, desorientados no meio de sociedades que os desprezavam e humilhavam, perdidos em línguas que não podiam entender, foram a pouco e pouco construindo, com renúncias e sacrifícios quase heróicos, moeda a moeda, centavo a centavo, o futuro dos seus descendentes. Alguns desses homens, algumas dessas mulheres, não perderam nem querem perder a memória do tempo em que tiveram de padecer todos os vexames do trabalho mal pago e todas as amarguras do isolamento social. Graças lhes sejam dadas por terem sido capazes de preservar o respeito que deviam ao seu passado. Outros muitos, a maioria, cortaram as pontes que os ligavam àquelas horas sombrias, envergonham-se de terem sido ignorantes, pobres, às vezes miseráveis, comportam-se, enfim, como se uma vida decente, para eles, só tivesse começado verdadeiramente no dia felicíssimo em que puderam comprar o seu primeiro automóvel. Esses são os que estarão sempre prontos a tratar com idêntica crueldade e idêntico desprezo os emigrantes que atravessam esse outro Bidassoa, mais largo e mais fundo, que é o Mediterrâneo, onde os afogados abundam e servem de pasto aos peixes, se a maré e o vento não preferiram empurrá-los para a praia, enquanto a guarda civil não aparece para levantar os cadáveres. Os sobreviventes dos novos naufrágios, os que puseram pé em terra e não foram expulsos, terão à sua espera o eterno calvário da exploração, da intolerância, do racismo, do ódio à pele, da suspeita, do rebaixamento moral. Aquele que antes havia sido explorado e perdeu a memória de o ter sido, explorará. Aquele que foi desprezado e finge tê-lo esquecido, refinará o seu próprio desprezar. Aquele a quem ontem rebaixaram, rebaixará hoje com mais rancor. E ei-los, todos juntos, a atirar pedras a quem chega à margem de cá do Bidassoa, como se nunca tivessem eles emigrado, ou os pais, ou os avós, como se nunca tivessem sofrido de fome e de desespero, de angústia e de medo. Em verdade, em verdade vos digo, há certas maneiras de ser feliz que são simplesmente odiosas.

in http://caderno.josesaramago.org/

quinta-feira, 16 de julho de 2009

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Corfu









Banksy
Corfu, Grécia

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Pink Palace II

Já agora faço uma reportagem fotográfica do hotel! (especialmente para vocês mummy, Sara e a Ana).


E o quarto antes e depois!

Pink Palace

Sempre que ouvi falar de Corfu, ouvi falar do Pink Palace. É um hostel muito giro, só festa, etc etc..
Bom, se calhar até tinha gostado da festa, não fossem só americanos e espanhóis com 15 anos!
Tirando isso, não era muito caro e comidinha grega óptima!

E ainda deu para dançar e estudar, ahah :)




domingo, 12 de julho de 2009

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Bari

Neste último mês, o tempo tem passado a mil à hora. Tenho tanta coisa para mostrar e contar mas mal tenho tempo de vir a net.(a propósito, estou-me atrasar imenso!).



Cheguei ontem a Perugia vinda da Puglia e da Grécia. Na Puglia estive em Bari e em Alberobello.
A primeira impressão de Bari foi horrível. Em primeiro lugar, adormecemos no comboio e só acordámos já o comboio estava a voltar para trás. Tivemos que apanhar boleia de uns comboios.. hm, não sei explicar. Fomos um bocadinho a uma praia e saímos de Bari durante à tarde para irmos a Alberobello, mas quando voltámos à noite e no dia a seguir, fiquei simplesmente apaixonada.




Tenho pena de não ter estado propriamente no feeling (saudades de Perugia e afins..), mas mesmo assim, adorei. Às onze da noite vê-se imensas mesas nas ruas, cheias de gente. A princípio achei que eram restaurantes, mas não, são mesmo as pessoas que abrem as portas de casa e sentam-se cá fora. E música na rua. Música que bem podia ser música pimba portuguesa!




Bom, estou mesmo com pressa. Quando puder deixo mais fotografias do resto da viagem!

Beijinhos.

p.s. - andam-me a faltar as palavras em português!