segunda-feira, 7 de abril de 2008

Histórias de Infância II

Quando andava na sala do cinco anos (pela segunda vez) tínhamos um tipi (a tenda dos índios) para brincar.
E eu estava a brincar aos pais e às mães.
A Mariana Boleta era a minha mãe.
E eu como era a filha, fui para a escola.
Dei a volta à sala e sentei-me na mesa ao lado do tipi a desenhar.
E ouvi a conversa da minha mãe:
- Um dia o nosso coração pára de bater e nós morremos.
E descobri que nós morríamos.

Durante muito tempo, quando me deitava, pensava como seria morrer e quem seria a primeira pessoa que eu gostava que iria morrer.
E imaginava a tia Sara (que era a tia mais velha) dentro dum caixão, presa para a eternidade, no escuro e sem nada para fazer.
Às vezes ainda penso nisso, como será estar morta e confesso que fico um pouco claustrofóbica.

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