As hipérboles têm isso de fantástico. São ferramentas simples e fáceis de usar que nos ajudam a representar o mundo à sua própria medida. São tesouras, serrotes, agulhas e linhas que nos ajudam a construir para o mundo as roupas certas, no tamanho exacto, nem grandes nem pequenas. Dizem que as hipérboles são exageros, mas é mentira (são os exagerados que dizem isso): as hipérboles são até muito razoáveis. São elas que chegam lá quando as palavras não nos chegam. São elas que se esforçam, que dão o litro, que dão a cara e, muitas vezes, até, que passam por exageradas.
Se for preciso põem-se em bicos dos pés, esticam os braços até os tendões chiarem, põem a língua de fora até o freio dar de si, mas, bolas, chegam lá. Dizem aquilo que queremos dizer, na justa medida, sem exageros.
Porque a verdade, verdadinha é que o mundo é que exagera, as hipérboles não.
Planeta Tangerina
Azulejo com…Manuel Cargaleiro
Há 14 anos
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