Nunca apreciei este cavalheiro e creio que a partir de hoje passarei a apreciá-lo ainda menos, se tal é possível. E não deveria ser assim, se, como a internet acaba de me informar, o dito sr. Sarkozy anda em missão de paz pelas torturadas terras da Palestina, esforço louvável que, à primeira vista, só deveria merecer elogios e votos do melhor sucesso. Da minha parte tê-los-ia todos se não tivesse utilizado, uma vez mais, a velha estratégia dos dois pesos e das duas medidas. Num arranco de hipocrisia política simplesmente notável, Sarkozy acusa Hamas de haver cometido acções irresponsáveis e imperdoáveis lançando foguetes sobre o território de Israel. Não serei eu quem absolva Hamas de tais acções, aliás, segundo leio a cada passo, castigadas pela quase total ineficácia da bélica operação que pouco mais tem conseguido que danificar algumas casas e derrubar alguns muros. Nunca as palavras doam na língua ao sr. Sarkozy, há que denunciar a Hamas. Com uma condição, porém. Que as suas justamente repreensivas palavras tivessem sido igualmente aplicadas aos horrendos crimes de guerra que vêm sido cometidos pelo exército e pela aviação israelita, em proporções inimagináveis, contra a população civil da faixa de Gaza. Sobre esta vergonha o sr Sarkozy parece não ter encontrado no seu Larousse as expressões adequadas. Pobre França.
José Saramago
1 comentário:
Desde que tomou posse, logo manifestando pressa em ser subserviente aos Estados Unidos, em rejeitar o não francês ao projecto de constituição europeia, em ser um macabro representante da direita conservadora, desde logo, Sarkozy mostrou não ser de confiança. Na minha opinião, ele é um dos capatazes de quem manda no mundo. Um mero testa-de-ferro. Um vendido.
Infelizmente anda a passear-se pelo Médio Oriente e aos olhos do Mundo representa-nos.
É preciso paciência para prosseguirmos neste mundo. As mudanças são lentas...
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