quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Quantas vezes repeti para mim mesmo: "Está bem, quisemos matá-lo. Procurámos por todo o lado entre os convidados para o matar. perdemos. Nós éramos soldados, oficiais subalternos apanhados na vertigem daquela aventura, e cumpríamos ordens. Porque é não nos mataram logo? Até num país como a França, o homem que disparou sobre o General de Gaulle tinha sido morto a tiro. Normal. Porque é que a nós nos julgaram num tribunal e condenaram a dez anos de prisão para depois nos deixarem morrer uma morte lenta? Porque é que os generais, os que planearam o golpe, foram executados por um pelotão de soldados depois de terem sido despromovidos e nós, os quadros, instrutores de soldados, temos de sofrer a interminável provação de uma morte preguiçosa, má, perversa, uma morte que brinca com os nervos e com o pouco que nos resta: a nossa dignidade?

Uma ofuscante ausência de luz, Tahar Ben Jelloun

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