Não me considero uma pessoa super sociável, de todo a mais sociável do mundo. Em Lisboa sempre tive um bocado de preguiça de ser a simpatia em pessoa para toda a gente, de querer falar com toda a gente. É a última coisa que me interessa. Se não tenho e empatia imediata quando conheço alguém, é difícil criar uma relação de amizade com essa pessoa.
Mas, quando estamos longe dos nossos, temos que criar uma nova faceta. Temos que ser sociáveis, mesmo com quem nunca seríamos. Quando fui para Cadiz, lembro-me que de início tinha que me dar com toda a gente. Só algum tempo depois é que criámos o nosso grupo. E foi tão giro perceber que numa tarde, na praia, todos percebemos que algo tinha mudado. Que aquele grupo tinha um significado especial para nós.
Cadiz já foi há dois anos. E ainda é muito importante para mim. Acho que estive lá cerca de dois meses e assim mesmo fiz grandes amigos. Pessoas com quem me faz imensa falta falar, de quem continuo adorar. E com quem vou estar dentro de um mês. Pois, um mês às vezes cria estas amizades.
Por outro lado, estive em Lille há dois dias. Fabien, um couchsurfer, deu-nos casa. Convidou-nos para irmos a casa da amiga dele, a Marie. Tivemos um dia com eles. Só um dia e ficámos tão tristes por ter que ir embora. Gostávamos mesmo de ter ficado mais tempo. Gostava mesmo de voltar a encontrá-los. Acho engraçado e quase inimaginável poder criar tanta ligação com alguém num dia. Mais engraçado ainda, é que cheguei a casa, abri os meus emails, e tinha uma mensagem da Sonia. Sonia é uma francesa que conheci na Polónia. Os três dias que tive na Polónia, praticamente deixei os meus amigos de há anos de lado e passei-os com ela e a Jiha (amiga da Sonia). Outra vez, neste curto espaço de tempo acho que fiz boas amigas. Tenho saudades delas e quero ver se me encontro com elas.
E foi giro, porque tanto em Lille como em Cracóvia, levaram-me a mim e aos meus amigos ate à porta do comboio e viram-nos a partir.
Hoje a Teresa disse-me que achava engraçado que nestes dias aqui estive nunca tivesse falado com ninguém de Lisboa e passasse o tempo a falar com as pessoas de Perugia. A verdade é que já me habituei a estar longe de Lisboa e tenho imensas saudades de Perugia. Só estou lá há pouco mais de um mês. Tive que me tornar um ser sociável mais uma vez. O mesmo processo de Cadiz. Até nos amigos, nos bons amigos, que tão pouco tempo depois de lá estar, já encontrei.
É que esse era o meu medo. Só encontrar amigos superficiais, no sentido em que não sentisse quer iriam tornar-se importantes. Mais do que pensava e muito mais tornaram-se importantes.
E em tão pouco tempo.
3 comentários:
os irmãos nem sempre têm que ser amigos, e muitas vezes só percebem a falta uns dos outros quando se encontram longe. Fico muito feliz por te estares a divertir, conhecer sitios e pessoas novas que enchem a tua vida. Tal como com a sabedoria, na amizade há sempre lugar para mais um.
Mas fazes falta na mesma, nem que seja para quando estou a ir para casa pensar que há alguém acordado...
Beijinhos com muitas saudades
Não quis dizer que não tinha saudades vossas. Claro que tenho e muitas quando penso em vocês. Mas já me habituei a que Lisboa não fosse a minha realidade, por isso é que tenho que pensar para ter saudades.
Mas tenho, muitas.
Beijinhs
Nunca me passou pela cabeça que não tivesses saudades nossas. O que escreveste era dedicado às amizades, sejam elas quais forem...simplesmente tive saudades tuas.
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